quarta-feira, 28 de outubro de 2009


A velhice na Bíblia: algumas pista para hoje Por: Maria Clara Lucchetti Bingemer O perceber-se envelhecer, constatar o decair das próprias forças e a conseqüente aproximação da morte sempre foi um problema para o ser humano de todos os tempos. Algumas culturas e civilizações lidaram com esta questão de maneira mais tranqüila, outras menos. A cultura judaico-cristã, sem camuflar a dramaticidade do processo de caducidade das forças do ser humano e o sentimento de impotência que se lhe segue, refletiu sobre esta experiência tão fundamental e apontou algumas pistas de solução a partir de sua fé. Partindo do pressuposto que lemos o texto bíblico desde o lugar da fé cristã e da teologia, cremos deixar esclarecido qual é o viés da nossa reflexão. Trata-se aqui não tanto de procurar descrições dos processos psicológicos e biológicos que caracterizam o processo de envelhecimento e sua experiência. Mas sim de procurar destacar algumas implicações éticas e religiosas decorrentes deste processo que o povo bíblico trouxe à luz incorporou ao seu patrimônio de fé no Deus de Israel. 1. A idade entendida como etapa da vida ou como idade madura, maturidade São os dois sentidos em que o termo quase sempre aparece no AT. Tal como os outros povos da antiguidade, também o judaísmo professa um grande respeito aos anciãos (Cf. Lev 19,32:" Levanta-te diante dos cabelos brancos e s– cheio de respeito por um velho"). A razão desse respeito é que o velho é mediação para o temor que se deve ter ao próprio Deus, pois continua o mesmo v. 32 do cap 19 do Levítico:"... assim que terás o temor de teu Deus". Além disso, é consenso em Israel que os velhos possuem a sabedoria e a prudência (Cf,. Jó 15,10; Eclo 6,34s; 25, 4-6). Por isso não é estranho que sempre hajam desempenhado no meio do povo uma função de direção e aconselhamento. As cãs do velho, que são o sinal patente de sua idade avançada, não devem ser motivo de riso, mas de respeito, pois são um distintivo de honra. Assim diz o Livro dos Provérbios: "A força é o adorno dos jovens, os cabelos brancos são a honra dos velhos." (Prov. 20,29) No NT, aparece claro que o homem não tem nenhum poder ou influência sobre sua idade física, já que ela é um dom do criador. E é o próprio Jesus que diz, em Mt 6,27//Lc 12,25:" Qual de vós pode, à força de agitar-se, acrescentar um minuto que seja à duração de sua vida?" Diante do tempo que passa, portanto, e faz sentir seus efeitos sobre o corpo, a mente e a potência, o homem é chamado a crescer em maturidade, em virtudes, em graça e sabedoria até atingir a estatura (que em grego é designada pelo mesmo termo que "idade") do próprio Cristo (Cf. Ef 4,13). São Paulo resume magistralmente esse processo paradoxal que deve ser o do cristão, ou seja daquele que vive da vida nova "em Cristo". Ao mesmo tempo que constata a caducidade física, a decadência corpórea, exorta os cristãos de Corinto a investir no crescimento de seu "homem interior", entendido aí como a vida espiritual de cada indivíduo ao mesmo tempo que do corpo de Cristo. Vale a pena transcrever suas palavras cheias de Espírito: "Eis porque não perdemos coragem e mesmo se, em nós, o homem exterior.

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